Em 2017 mergulhei no real.

A faculdade terminou e junto com ela veio uma onda de ansiedade e pânico que estavam esperando pela oportunidade perfeita para mostrarem tudo que eu havia escondido debaixo do tapete.

Eu não saia de casa, me dava um medo profundo que eu não sabia explicar, era uma angústia sem fim que me travava de todas as formas. Resolvi trocar de emprego acreditando que o ambiente de agência não me fazia bem. Neste período iniciei o acompanhamento com o Psicanalista e estava em um processo depressivo que não me tirava da cama, o apoio do meu marido (na época, namorado) foi essencial para que pudesse me levantar aos poucos. Era um choro angustiante, não tinha explicação em palavras, eu não conseguia descrever o que eu sentia.

Até que um dia eu, literalmente, decidi que não queria ficar naquela inércia por mais tempo. Não aguentava mais e procurei ajuda.

person walking on beach
  • Facebook
  • Pinterest

Photo by Zack Dowdy on Unsplash

 

Foi um processo doloroso, ainda é, mas consegui me erguer até cair de novo.

Doce ansiedade. Me pegou novamente e dessa vez me paralisou. Eu tinha um preconceito enorme com medicação, até que ouvi em uma palestra sobre os processos bioquímicos e como os remédios agiam no organismo. Entendi ali que o preconceito era uma imbecilidade e que eu estava sendo irresponsável ao não tratar de verdade o meu transtorno.

Procurei um psiquiatra que foi maravilhoso e me passou o medicamento por 30 dias, ali comecei a entender que tudo aquilo já me acompanhavam desde criança em doses imperceptíveis e que eu precisaria aprender a lidar no dia a dia para que não precisasse depender de medicação para sempre.

Com o tratamento mais intenso, percebi que o atual emprego também não me fazia bem, na verdade, era eu o problema. Em sua maioria, os lugares que trabalhei foram muito bons, mas eu era a pessoa errada para o lugar certo, entende? Foi ali que decidi partir para o mundo do empreendedorismo, já fazia alguns freelas e a transição não foi tão difícil.

Conheci o SMXP que foi uma parte essencial da minha história (e ainda é), conheci pessoas incríveis que são parceiros profissionais e amigos queridos. Mas, não se engane, a jornada com a ansiedade e depressão só estava começando.

Eu e meu marido resolvemos nos mudar para Itu e foi aqui que conheci meu psicanalista atual, com quem passo semanalmente há 2 anos.

Veja bem, o acompanhamento é para a vida. Tenho 27 anos e muita história para contar, logo, não são 6 sessões que darão conta de tantos problemas, tantas descobertas.

É engraçado que, em análise, você entende que muito do que passou é sua responsabilidade e dói não ter quem responsabilizar além de si mesma. Dói ver o quanto se sabotou e o quanto permitiu que te machucassem. Seja porque, inconscientemente, acreditou que merecia ou, porque aceitou para não machucar o outro.

Em análise, entendi que tenho ansiedade desde pequena. A ansiedade pode ter fator genético, pode originar de um trauma ou de algum problema de saúde pré-existente, ou pode vir por conta de um problema atual e ir embora após resolve-lo. No meu caso, descobri que graças ao meu problema cardíaco, que foi descoberto quando eu tinha 2 anos após uma parada cardíaca, originou a ansiedade ou a TAG (transtorno de ansiedade generalizada). O que me dá muito gatilho é a morte e veja bem, estive na frente dela três vezes quando criança, logo meu maior medo sempre foi perder quem eu amava ou partir dessa pra “melhor”.

Bom, não há como escapar de algo que é natural. Não somos imortais e tampouco as pessoas ao nosso redor são. Logo, meu gatilho é bem complicado de se resolver rsrsrs, ou seja, tenho que aprender a lidar com aquilo que não posso mudar.

Porém, veja bem, a coisa não é tão simples assim. Se tenho medo da morte e ela me gera ansiedade e depressão, tive que entender o que a morte significava em minha vida: o fim. Ao entender que era o fim, olhei para o meu redor e me dei conta que procrastino para não ver o fim, mas, ao mesmo tempo, perco por procrastinar. Ai vem a pergunta mais lazarenta que um analista faz para seu analisante “o que você vai fazer com isso?”

A resposta para você, caro leitor, é: estou descobrindo.

Depois de entender o fato, depois de cair a ficha, preciso pegar essa mesma ficha e fazer algo com ela evitando a repetição para não cair no mesmo abismo — o que é mais difícil de fazer do que você pensa. Estou retratando aqui o que entendi em análise, mas muitas vezes, a descoberta é recalcada e eu nem lembro o que descobri. É o inconsciente agindo e escondendo o que a minha mente não quer lidar. Por isso o processo é tão difícil e doloroso. Você pode ficar na repetição por anos sem se dar conta. Assim como pode sair dela sem perceber.

Bom, a jornada continua, não me vejo sem analista e sem os tratamentos adequados, porque entendi que assim como meu problema cardíaco, os problemas mentais também precisam de acompanhamento.

Hoje me sinto livre e feliz em falar sobre esses transtornos, mudei a chave de vítima para a capitã da minha história. E para você que está passando por isso, a única coisa que posso dizer é, tenha paciência e persista. Com o passar do tempo fica mais fácil, e é somente sua responsabilidade agir. Eu só saí da inércia quando eu desejei sair, o remédio não faz milagre e o psicanalista muito menos, se a gente não deseja sair do sofrimento e começar uma nova página enfrentando tudo que guardamos embaixo do tapete, não há ninguém no céu ou na terra que fará tudo isso por nós.

Só podemos nos responsabilizar pelo que é nosso, não pelo que é do outro.

Atualmente, dei início ao tratamento continuo de ansiedade e depressão com medicamento, passo duas vezes por semana com o psicanalista e faço outros acompanhamentos médicos com cardiologista, endocrinologista e nutricionista para dar atenção a alimentação e repor vitaminas necessárias.

Se a sua condição financeira não permitir os acompanhamentos particulares, procure por faculdades de psicologia que fornecem atendimento gratuito ou por um valor simbólico e o SUS que pode te encaminhar para o psiquiatra e outros médicos, lembrando que o mesmo é médico e não vai te ouvir como o psicanalista ou o psicologo.

Não esqueça de manter seus exames em dia, pois, se houver alguma falta de nutriente ou hormônio pode agravar o seu quadro. Tente se exercitar e cuidar da sua alimentação. O corpo é uma máquina e qualquer pecinha fora do lugar agrava o seu quadro e pode trazer problemas maiores com o passar do tempo.

 

Profissionais que recomendo e que fazem atendimento online:

Nutricionista

Psicanalistas

 

Pin It on Pinterest

Share This